segunda-feira, 27 de agosto de 2012

TEMPO DE SE CUIDAR

Visitar os médicos regularmente é importante para prevenir doenças e garantir qualidade de vida e longevidade
Recuperar a saúde sempre é mais complicado e difícil do que prevenir doenças. A combinação alimentação saudável e atividade física regular ainda é a recomendação de médicos para quem busca qualidade de vida e longevidade. Mas chega um momento que isso só não basta. É preciso monitorar o que está acontecendo em seu organismo. E isso vale para homens e mulheres! Só que elas estão muito mais habituadas a irem ao médico do que eles. A visita periódica a determinados especialistas é fundamental. Então, se você é homem e já chegou aos 50 anos de idade, coloque na sua agenda visitas ao oftalmologista, odontologista, cardiologista, pneumologista, urologista, coloproctologista e endocrinologista. 
As sete especialidades listadas acima fazem referência às doenças mais recorrentes nos homens a partir dos 50 anos. O problema é que eles são descuidados com questões de saúde. Há quem diga até que cuidam mais do carro do que de si. E eles morrem mais do que as mulheres.

A publicação Saúde Brasil 2007, do Ministério da Saúde, aponta que de cada três pessoas que morrem no Brasil, duas são homens. A proporção segue: a cada cinco óbitos, quatro são do sexo masculino. O levantamento ainda revelou que de 1.003.350 mortes ocorridas em 2005, um total de 582.311 era de homens. Além de lideraram o ranking das mortes em várias modalidades, eles vivem em média 7,6 anos menos do que elas. 

Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia com cinco mil homens acima dos 40 anos, em nove cidades brasileiras, constatou que 59% deles não fazem dieta, 49% não praticam nenhuma atividade física e 66% não sabem o que é andropausa - Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino, correspondente masculino da menopausa e principal responsável pela queda nos níveis de testosterona nos homens maduros.

Entre as doenças masculinas mais temidas está o câncer de próstata. Dados apontam que de 20% a 30% dos homens acima de 60 anos terão a doença; e de cada seis homens acima dos 50, um sofrerá desse mal. Mas mesmo assim, são poucos os homens que realmente procuram o urologista.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia no Rio Grande do Norte, urologista José Hipólito, essa afirmação de que o homem não liga para sua saúde está mudando. 

"Ainda há uma desproporção, uma diferença, no pensamento e na preocupação da saúde entre homens e mulheres. Isso já foi estudado, inclusive pelo Ministério da Saúde, que o homem tem intrínseco nele a questão do machismo, da virilidade, da invulnerabilidade. Então, é meio incompatível esse pensamento e ele procurar assistência médica. Isso poderia por em cheque a sua masculinidade. Outra questão também é que o homem prioriza as suas atividades laborativas em detrimento da saúde", comenta José Hipólito.

Bate-papo: José Hipólito - urologista, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia no RN

Qual o papel do urologista?
A partir dos 50 anos, a urologia, com certeza, é uma especialidade muito importante. O urologista está mais ou menos para o homem dessa idade assim como o ginecologista está para a mulher. A consulta urológica não é apenas e principalmente a questão da próstata, mas também a sexualidade, a questão hormonal masculina e também como clínica geral, vamos dizer assim, uma abordagem geral. O urologista também está habilitado  para verificar pressão, para avaliar exames de dosagem de colesterol, glicose, saber interpretar, e orientar o paciente nesse sentido.

O exame para detectar câncer da próstata ainda é um tabu entre os homens?
À medida que a população tem acesso aos meios de comunicação, às campanhas de divulgação, de esclarecimento, o homem tá deixando de lado esse preconceito. É comum no nosso dia a dia se deparar com homens que nos procuram espontaneamente; e alguns até cobram, exigem a realização do exame do toque digital da próstata. Está havendo uma mudança de paradigma nesse sentido. 

Viver mais é estar sujeito a contrair mais doenças

Os chamados "males da vida moderna" são a maior causa de mortes entre os homens. No topo, em primeiro lugar, estão as doenças isquêmicas do coração, à frente apenas dos problemas cardiovasculares e dos homicídios. Logo depois, aparecem outros problemas cardíacos. Eles estão relacionados com os hábitos de vida característicos dos tempos atuais: sedentarismo, má alimentação, estresse, hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade.

Se todos buscam a longevidade, viver mais, porém, implica estar sujeito a mais problemas, correr mais riscos. Por isso é essencial cuidar bem do corpo e da mente. Sempre! E se você, homem, chegou aos 50 anos e ainda comete pequenos excessos, é bom começar a desacelerar. E não esquecer de visitar sempre os sete médicos indicados no início desta matéria, na capa do caderno (e na ilustração abaixo).

O endocrinologista Josivan Gomes comenta que praticamente todos têm alguma doença endócrina, e cita diabetes, hipotiroidismo, dislipidemia (aumento nos níveis de colesterol e triglicerídeos) e osteoporose. "São tantas doenças prevalentes em nosso meio que, geralmente, toda a população tem alguma patologia que o endocrinologista está vendo; talvez antes, mas a partir dos 50 anos com certeza", comenta o médico. 

Segundo Josivan Gomes, o homem com 50 anos ou mais deve procurar um endocrinologista a cada cinco anos para uma avaliação geral. "Vai depender das alterações que ele tiver. De repente, ele vai uma vez, faz um checape, faz exames e todos estão normais; a glicose está normal, o colesterol está normal, ele não tem história familiar, está com peso adequado, faz atividade física regular, então a cada cinco anos, que é a recomendação para avaliar a tireoide, seria suficiente." Mas se as taxas estão alteradas, deve haver um acompanhamento mais frequente.

O especialista comenta que a parcela brasileira portadora de diabetes está hoje em 12%. E que, considerando a população da Grande Natal em um milhão de habitantes, seriam 120 mil diabéticos potiguares. E o avanço da doença é crescente.

Ele aponta outros índices. O hipotiroidismo estaria atingindo 15% da população adulta; a obesidade e o sobrepeso já atingiriam entre 30% e 40% dos brasileiros. O problema também é crescente com relação às taxas de colesterol ruim (HDL), glicose e triglicerídeos.

Já o urologista José Hipólito afirma que tanto a Sociedade Brasileira de Urologia quanto a Sociedade Americana preconizam ser necessária uma visita anual ao consultório urológico para os homens a partir dos 45, 50 anos de idade.

Ele esclarece que a consulta feita pelo urologista não é apenas para detectar o câncer de próstata, mas sim outras doenças como a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) - crescimento da próstata que pode levar alguns homens a sintomas urinário importantes, como alerta José Hipólito.

"A partir dos 45, 50 anos de idade, observa-se esse crescimento da próstata e a dificuldade em urinar. Alguns casos chegam a complicar, sendo necessária até colocação de sonda. Praticamente 90% dos homens idosos terão Hiperplasia Prostática Benigna. É até mais comum do que o câncer e pode levar à piora da qualidade de vida", comenta o urologista.

Se todos buscam a longevidade, é fundamental cuidar bem do corpo e da mente. E se você é homem, já chegou aos 50 anos e ainda comete pequenos excessos, está na hora de começar a desacelerar e agendar consultas periódicas com os sete médicos citados nesta matéria.
*Fonte: TN Online.