segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Entrevista: O brincar como instrumento terapêutico

Através das brincadeiras é possível favorecer os aspectos sensoriais, intelectuais, sociais e emocionais da criança, além de estimular a criatividade e a autoconsciência, auxiliando inclusive no tratamento de doenças como o câncer. Para falar sobre o brincar como instrumento terapêutico está conosco Lady Kelly Farias, terapeuta ocupacional da Casa Durval Paiva.
Qual o significado do brincar para a criança/ seria apenas um passatempo?
A brincadeira é uma atividade que a criança começa a realizar desde o seu nascimento, e esse é um momento que não possui objetivo, a não ser pelo ato de brincar e pelo prazer que sente ao se expressar através das brincadeiras, de acordo com o contexto no qual está inserida, demonstrando sentimento, a criatividade e tudo isso de uma forma muito espontânea.
É possível perceber alguma anormalidade na criança através de seu comportamento nas brincadeiras?
É possível sim. Sendo as brincadeiras o que mais atrai a atenção da criança e a sua principal ocupação, é através delas que podemos perceber algumas limitações, que tanto podem ser motora, de interação social, e até desempenho escolar, e sendo estas as dificuldades, o terapeuta ocupacional observa alguns fatores relacionados, como: autoestima baixa, grande ansiedade, irritabilidade, frustração. Nestes casos, o terapeuta será um facilitador desse processo, de acordo com as necessidades da criança.
Quais mudanças podem ser observadas no comportamento da criança acometida de câncer?
As mudanças vão dos aspectos físicos aos emocionais e que são vivenciadas de forma única por cada uma delas, esta é uma fase de grandes transformações, um período que não deve se considerar apenas a patologia, mas a criança como um todo, de forma humanizada, dentro dos aspectos físicos, motor, social, psicológico e emocional, onde até mesmo o brincar pode ser prejudicado e o terapeuta ameniza essa fase dolorosa criando possibilidades.
Como a terapia ocupacional pode ajudar a criança doente através do brincar?
A Terapia Ocupacional tem como objetivo proporcionar a essas crianças uma melhor qualidade de vida, buscando sempre resgatar a autonomia e independência que possam ter perdido ou estar limitados devido ao câncer ou ao tratamento submetido. Esse é o momento quando o brincar se torna fator primordial para alcançarmos os objetivos propostos e o terapeuta também passa a ser um mediador nas atividades que façam sentido para as crianças.
O brincar terapêutico pode ser realizado por pais e familiares em casa, por exemplo?
O brincar deixa de ter um olhar simplesmente livre, ou ocupação do tempo ocioso, ou até mesmo recreação, que é a forma como os pais interagem com os filhos, quando passa a ser utilizado como recurso terapêutico, que tem objetivos definidos e leva em consideração o brincar como um importante instrumento para a construção da subjetividade da criança, oferecendo oportunidades para que desenvolva novas habilidades, proporcionando também um ambiente acolhedor, onde a criança possa expressar seus sentimentos, pensamentos e angústias decorrentes da doença.
Por ser uma especialidade ainda não muito conhecida onde e como se pode ter acesso a terapia ocupacional?
É possível o acesso ao profissional Terapeuta Ocupacional em hospitais, creches, clínicas de reabilitação, em faculdades que disponibilizem ‘clínicas escolas’ para atendimento ao público, como também, em casas de apoio, como é o caso da Casa Durval Paiva.
Quem quiser saber mais sobre esse serviço, quais são os contatos?
Quem deseja saber um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido pelo Terapeuta Ocupacional, pode fazer uma visita à Casa de Apoio ou telefonar para a instituição através do telefone 4006-1600 que estarei à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas.
Considerações finais.
Observamos junto aos pacientes assistidos pela Casa Durval Paiva que a técnica do brincar como recurso terapêutico mostra ser uma importante ferramenta lúdica, educativa e terapêutica, capaz de facilitar a adesão ao tratamento, adaptação, uma melhor aceitação da atual fase, devolvendo a essas crianças uma melhor qualidade de vida, além de torná-las mais felizes e saudáveis.
A Casa Durval Paiva ampara crianças e adolescentes carentes portadores de câncer e doenças hematológicas crônicas, juntamente com seus responsáveis durante o tratamento em Natal. Hoje são 939 pacientes cadastrados, crianças e adolescentes oriundos de 133 municípios do RN, PB, CE, PI e AL.
CONTATO: (084) 4006-1600. Endereço: Rua Clementino Câmara, 234 Barro Vermelho – Natal

*Fonte: http://www.casadurvalpaiva.org.br/