O Brasil deve registrar 15 mil novos casos de câncer de boca ao longo de 2022, de acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Esse tipo de câncer está entre os mais incidentes no Brasil, principalmente na população do sexo masculino.
Embora haja estratégias para prevenção e diagnóstico precoce, a maioria dos casos é diagnosticada em estágios avançados.
Fatores de risco
O tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de boca. Estima-se que o risco de adoecer entre fumantes seja quase cinco vezes maior que entre não fumantes.
De acordo com o Inca, o risco não se limita apenas ao cigarro comum. Charuto, cachimbo, fumo de rolo, rapé, narguilé e outros produtos derivados de tabaco também compartilham dos mesmos riscos, inclusive para o surgimento dos tumores na cavidade oral.
O consumo de álcool é considerado o segundo fator mais associado à doença. A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) com potencial para o desenvolvimento de câncer, principalmente os tipos 16 e 18, também é considerado um fator de risco.
“Essa combinação de exposição ao fumo e exposição ao álcool é muito frequentemente vista nos pacientes que desenvolvem câncer de boca. Por isso, ele aparece com maior frequência em homens a partir dos 50 anos”, afirma o médico oncologista Gilberto de Castro, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Diagnóstico precoce
A detecção do câncer nos estágios iniciais tem como base duas estratégias: o rastreamento e o diagnóstico precoce.
No rastreamento, são realizados exames de rotina em uma população assintomática com o objetivo de encontrar o câncer pré-clínico ou lesões pré-cancerígenas. Já no diagnóstico precoce, busca-se identificar o câncer em estágio inicial em pessoas que apresentam sinais e sintomas suspeitos da doença.
O diagnóstico precoce do câncer de boca ocorre pela identificação de alterações nos tecidos durante a realização do exame clínico. A confirmação é feita por meio de biópsia e exame laboratorial.
Sinais e sintomas
As lesões do câncer de boca geralmente são assintomáticas nos estágios iniciais. Com a evolução da doença, os indivíduos podem apresentar dor, sugerindo o comprometimento de estruturas na região da boca. Segundo o Inca, qualquer lesão na boca que não cicatrize em até 15 dias precisa ser investigada.
Os principais sinais e sintomas de alerta para o câncer de boca são:
•Lesões não dolorosas persistentes por mais de 15 dias
•Placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, nas gengivas, no céu da boca e na mucosa
•Caroços no pescoço
•Rouquidão persistente
•Dificuldade de mastigação,
•deglutição ou fala
•Assimetria facial
Tratamento
Com o diagnóstico tardio e a falta de tratamento, a doença pode evoluir para complicações que incluem lesões ulceradas, presença de nódulos, dor, dificuldades na fala e na deglutição.
“Quando o câncer cresce na língua ou na gengiva, pode atingir o osso e nervos que passam dentro da mandíbula. Essa úlcera do tumor pode causar infecção e, como consequência disso, há presença de dor e sangramento”, explica Castro.
Em geral, a definição do plano de tratamento é realizada por uma equipe multiprofissional com base no estadiamento clínico da doença.
A cirurgia é a primeira opção terapêutica, porém a radioterapia e a quimioterapia podem ser indicadas em casos de tumores em estágios avançados quando o tratamento cirúrgico pode ocasionar sequelas importantes e comprometimento da qualidade de vida.
“Quando o câncer é detectado no início, ele é tratado com intenção curativa, o objetivo é curar. Infelizmente, essa chance de cura diminui muito se aparecem linfonodos no pescoço, aquelas ínguas que são outra manifestação do câncer de boca. Em casos muito avançados, pode aparecer metástases em outros órgãos do organismo”, afirma Castro.
*GRUPO CIDADÃO 190