terça-feira, 22 de novembro de 2016

Esponjas marinhas podem ajudar no desenvolvimento de tratamentos para o câncer com menos efeitos colaterais

Uma versão modificada de uma proteína encontrada em esponjas do mar combateu o câncer em camundongos sem causar efeitos colaterais da quimioterapia, tratamento utilizado atualmente.

Se esse sucesso for trazido para os seres humanos, esse medicamento poderia oferecer alívio para milhões de pacientes com câncer. A capacidade das células cancerosas de se dividirem e multiplicarem rapidamente é o que as torna perigosas, fazendo com que se espalhem pelo corpo.

No entanto, isso também fornece um ponto de vulnerabilidade, que o tratamento de quimioterapia explora, atacando as células no processo de divisão. Infelizmente, as células saudáveis também ficam danificadas no tratamento, causando efeitos colaterais como anemia, falta de ar, febres e infecções, mudanças no sistema nervoso, náuseas, vômitos, etc.

A classe de medicamentos quimioterápicos conhecidos como agentes direcionadores de microtúbulos (MTAs) têm frequentemente demonstrado eficácia contra o câncer, mas os microtúbulos aos quais eles se ligam são componentes essenciais dos neurônios e os MTAs não discriminam. Dr. Michal Wieczorek, da McGill University, no Canadá, testou o DZ-2384, um composto que também tem como alvo os microtúbulos celulares, mas o faz de uma maneira diferente das drogas existentes.

Em um artigo pulicado na revista Science Translational Medicine, Dr. Wieczorek relata que a aplicação de DZ-2384 em camundongos com câncer de pâncreas e cólon deixou todos os ratos livres dos tumores três meses após o tratamento. Dois dos quatro camundongos tratados da mesma forma contra o câncer do pulmão também tiveram seus tumores eliminados e as concentrações de células cancerígenas foram dramaticamente reduzidas nos onze camundongos com Leucemia Linfoide Agua, conhecida cientificamente pela sigla LLA.

O mais animador é que não foram observados sinais de danos nos nervos, mesmo em concentrações bem acima das necessárias para controlar o câncer. DZ-2384 é um produto químico sintético, mas cuja forma é baseada em Diazonamide A, um produto químico liberado por esponjas de mar conhecidas como Diazona angulata.
 

Ela nos fornece uma rica variedade de compostos potencialmente úteis para explorar. Alguns destes são difíceis de sintetizar em quantidades comerciais, mas Wieczorek e seus coautores afirmam que isso não deve ser um problema para o DZ-2384. Alterando a curvatura da proteína tubular, o DZ-2384 endireita os filamentos microtubulares, impedindo a divisão celular cancerosa, fazendo com que haja pouco impacto sobre as células nervosas.

Atualmente, cerca de 8,2 milhões de pessoas no mundo morrem de câncer. Esperamos que esse novo medicamento proveniente das esponjas do mar seja útil para diminuir esse número.

*Jornal Ciência/Blog do BG.