Pare alguns segundos e faça um teste rápido: lembre-se dos seus
amigos e familiares que foram diagnosticados com câncer nos últimos
anos. Você provavelmente notará que a doença parece estar mais perto de
nós do que no passado. Esse resultado, entretanto, não é tão negativo
quanto parece.
Apesar de todos os estigmas que rondam o câncer, nunca se falou tanto e tão abertamente sobre ele. Campanhas incentivando os autoexames resultam, cada vez mais, em diagnósticos precoces. Médicos e pacientes perderam o medo de tratar a doença em voz alta. E até exemplos de superação estão mais próximos do nosso alcance, como nos casos da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula e do ator Reynaldo Gianecchini. Muito desse movimento, claro, deve-se às pesquisas cientificas, que lutam ora para aumentar as chances de cura, ora para fazer dos os casos mais difíceis - como tumores cerebrais - doenças controláveis, com tratamentos em longo prazo.
E, nessa jornada, a esperança pode estar nos lugares mais inesperados. Um exemplo é a primeira fase de um estudo, publicado na revista Nutrition and Cancer, que sugere o óleo de fígado de tubarão contra o crescimento de tumores. "A substância aumenta a peroxidação lipídica nas células tumorais, auxiliando na redução do tumor", explica Elaine Cristina Rocha de Pádua, nutricionista funcional e especialista pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Além disso, 54 estudos de 2011 ganharam menção na revista Journal of Clinical Oncology por seus avanços em tratamento, diagnóstico e prevenção de diferentes tipos de câncer. Compartilhamos, agora, os resultados de dez dessas pesquisas.
Avanço em linfoma
O linfoma acontece quando células do sistema linfático passam a se multiplicar de forma descontrolada. Esse processo pode atingir as células do tipo T (como ocorreu com o ator Reynaldo Gianecchini) e as do tipo B (caso da presidente Dilma Rousseff). A doença possui ainda diversos subtipos, o que a torna bastante complexa. A busca, agora, é atingir de forma certeira alguns marcadores já conhecidos. E o exemplo mais recente ocorreu com a proteína CD30, comum em pacientes com linfoma do tipo Hodgkin e anaplásico de grandes células.
A boa-nova - a droga brentuximabe vedotin potencializou a ação da quimioterapia contra a proteína CD30, reduzindo os tumores em 86% dos pacientes testados. Por esse motivo, a Food and Drug Administration (FDA) - entidade dos Estados Unidos que regulamenta a prescrição de medicamentos - bateu o martelo e autorizou o uso da droga com os testes ainda em fase II. O medicamento também foi o primeiro para linfoma do tipo Hodgkin aprovado pela entidade em 30 anos. Um motivo e tanto para se comemorar.
Esperança para tumores cerebrais
O glioblastoma é um tipo de tumor cerebral comum, porém bastante conhecido por sua agressividade. Seu tratamento, que envolve cirurgia e quimioterapia, geralmente não prolonga a vida do paciente para mais de um ano e meio. Mas uma peça importante nesse quebra-cabeça acaba de ser desvendada: os tumores costumam progredir mais rápido em pacientes com uma enzima ativa, chamada O-6-metilguanina DNAmetiltransferase (MGMT). A quimioterapia atinge o DNA do tumor, mas algumas células tumorais conseguem reparar esses danos.
A boa-nova - "A presença do MGMT parece ser um importante fator prognóstico e preditivo de resposta ao tratamento", completa Carlos Henrique Teixeira, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (SP). A esperança, agora, é que esse marcador aponte novos caminhos para o controle da doença.
Imunidade X melanoma
2011 foi um ano de conquistas para o câncer de pele. Metade dos casos de melanoma apresenta uma mutação no BRAF, gene ligado ao crescimento celular. "É uma espécie de curto-circuito em uma cadeia de moléculas, como se um grampo fosse colocado no meio de uma antena e um sinal diverso passasse a ser transmitido", fala o médico Ricardo Caponero, da Clínica de Oncologia Médica(SP).
A boa-nova - estudos mostraram que a droga vemurafenibe inibe a ação desse BRAF, aumentando a sobrevida. Ela deve chegar às farmácias em breve. Outra boa notícia para quem tem melanoma com metástase é a combinação da quimioterapia com o Ipilimumabe, eficaz no fortalecimento das defesas naturais. A imunoterapia, é uma das artilharias na guerra contra o melanoma resistente à maioria das quimioterapias. "É como se o paciente já tivesse um exército e déssemos agora metralhadoras para os seus soldados", diz o oncologista Artur Katz, do Hospital Sírio-Libanês (SP).
*Da Revista Viva Saúde.
Apesar de todos os estigmas que rondam o câncer, nunca se falou tanto e tão abertamente sobre ele. Campanhas incentivando os autoexames resultam, cada vez mais, em diagnósticos precoces. Médicos e pacientes perderam o medo de tratar a doença em voz alta. E até exemplos de superação estão mais próximos do nosso alcance, como nos casos da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula e do ator Reynaldo Gianecchini. Muito desse movimento, claro, deve-se às pesquisas cientificas, que lutam ora para aumentar as chances de cura, ora para fazer dos os casos mais difíceis - como tumores cerebrais - doenças controláveis, com tratamentos em longo prazo.
E, nessa jornada, a esperança pode estar nos lugares mais inesperados. Um exemplo é a primeira fase de um estudo, publicado na revista Nutrition and Cancer, que sugere o óleo de fígado de tubarão contra o crescimento de tumores. "A substância aumenta a peroxidação lipídica nas células tumorais, auxiliando na redução do tumor", explica Elaine Cristina Rocha de Pádua, nutricionista funcional e especialista pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Além disso, 54 estudos de 2011 ganharam menção na revista Journal of Clinical Oncology por seus avanços em tratamento, diagnóstico e prevenção de diferentes tipos de câncer. Compartilhamos, agora, os resultados de dez dessas pesquisas.
O linfoma acontece quando células do sistema linfático passam a se multiplicar de forma descontrolada. Esse processo pode atingir as células do tipo T (como ocorreu com o ator Reynaldo Gianecchini) e as do tipo B (caso da presidente Dilma Rousseff). A doença possui ainda diversos subtipos, o que a torna bastante complexa. A busca, agora, é atingir de forma certeira alguns marcadores já conhecidos. E o exemplo mais recente ocorreu com a proteína CD30, comum em pacientes com linfoma do tipo Hodgkin e anaplásico de grandes células.
A boa-nova - a droga brentuximabe vedotin potencializou a ação da quimioterapia contra a proteína CD30, reduzindo os tumores em 86% dos pacientes testados. Por esse motivo, a Food and Drug Administration (FDA) - entidade dos Estados Unidos que regulamenta a prescrição de medicamentos - bateu o martelo e autorizou o uso da droga com os testes ainda em fase II. O medicamento também foi o primeiro para linfoma do tipo Hodgkin aprovado pela entidade em 30 anos. Um motivo e tanto para se comemorar.
O glioblastoma é um tipo de tumor cerebral comum, porém bastante conhecido por sua agressividade. Seu tratamento, que envolve cirurgia e quimioterapia, geralmente não prolonga a vida do paciente para mais de um ano e meio. Mas uma peça importante nesse quebra-cabeça acaba de ser desvendada: os tumores costumam progredir mais rápido em pacientes com uma enzima ativa, chamada O-6-metilguanina DNAmetiltransferase (MGMT). A quimioterapia atinge o DNA do tumor, mas algumas células tumorais conseguem reparar esses danos.
A boa-nova - "A presença do MGMT parece ser um importante fator prognóstico e preditivo de resposta ao tratamento", completa Carlos Henrique Teixeira, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (SP). A esperança, agora, é que esse marcador aponte novos caminhos para o controle da doença.
2011 foi um ano de conquistas para o câncer de pele. Metade dos casos de melanoma apresenta uma mutação no BRAF, gene ligado ao crescimento celular. "É uma espécie de curto-circuito em uma cadeia de moléculas, como se um grampo fosse colocado no meio de uma antena e um sinal diverso passasse a ser transmitido", fala o médico Ricardo Caponero, da Clínica de Oncologia Médica(SP).
A boa-nova - estudos mostraram que a droga vemurafenibe inibe a ação desse BRAF, aumentando a sobrevida. Ela deve chegar às farmácias em breve. Outra boa notícia para quem tem melanoma com metástase é a combinação da quimioterapia com o Ipilimumabe, eficaz no fortalecimento das defesas naturais. A imunoterapia, é uma das artilharias na guerra contra o melanoma resistente à maioria das quimioterapias. "É como se o paciente já tivesse um exército e déssemos agora metralhadoras para os seus soldados", diz o oncologista Artur Katz, do Hospital Sírio-Libanês (SP).
*Da Revista Viva Saúde.