sábado, 6 de maio de 2017

INCA ESTIMA QUE 15 MIL NOVOS CASOS DE CÂNCER DE BOCA SERÃO DIAGNOSTICADOS ESSE ANO

Somente neste ano, 15 mil novos casos de câncer de boca poderão ser diagnosticados no Brasil – a maioria em homens (cerca de 11 mil), de acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

De acordo com a médica especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, Fernanda Fruet, a resistência em ir ao médico, aliada ao excesso de fumo e bebida alcoólica, é um dos principais motivos pelos quais os homens são as maiores vítimas da doença, que pode atingir também a garganta.

“Cerca de 85% dos óbitos decorrentes deste problema atingem os homens. Eles são mais suscetíveis devido aos maiores fatores de risco deste tipo de câncer, pois eles fumam mais, bebem mais e procuram menos os serviços de saúde se comparados com as mulheres”, aponta Fruet.

Segundo a médica, a tendência é que eles não busquem ajuda quando surgem os primeiros sintomas do câncer de boca, que pode ser uma pequena ferida no interior da cavidade bucal. “Geralmente, só vão ao médico após muita insistência da esposa, filha, mãe ou irmã. Infelizmente, em alguns casos, acabam diagnosticados com o câncer já em estágio bastante avançado”, alerta.

Fernanda Fruet explica que a melhor forma de prevenir a doença é parar de fumar e de ingerir bebidas alcoólicas, ou pelo menos, diminuir drasticamente o consumo. Os sintomas do câncer de boca dependem do estágio da doença, sendo que, no início, surgem pequenas feridas esbranquiçadas ou avermelhadas. Se o problema estiver num estágio mais avançado, as feridas são maiores e causam mal cheiro. No caso do câncer de garganta, o indivíduo apresenta rouquidão súbita e consequente dificuldade em comer, ocasionando perda de peso.

A especialista revela que é comum os dentistas serem os primeiros a detectar os sinais da doença. “São os primeiros profissionais procurados, justamente porque os sintomas surgem como feridas no interior da boca”. Fernanda esclarece, ainda, sobre o grupo de risco do câncer de boca: “O perfil mais comum é o homem de 50 a 60 anos de baixa renda, com menos acesso à informação e a serviços de saúde de qualidade. Curioso é que, quando são comunicados da possível doença, procuram razões diversas que não o fumo e o álcool, como, por exemplo, o peixe que comeu na semana passada e que estava cheio de espinha – a qual teria causado a ferida na boca”.

Campanhas de prevenção

Apesar de o tabagismo estar diminuindo no Brasil, devido, entre outros fatores, a campanhas de conscientização e a leis que proíbem o fumo em locais fechados, ele ainda é uma das principais causas do câncer de boca e garganta. Mas os cigarros não são os únicos vilões.

“Narguilé, charuto, fumos de mascar, cachimbo e outros tipos de tabaco também contribuem para o aumento do número de casos. Cigarros contrabandeados então, nem se fala. São altamente nocivos à saúde, pois apresentam quantidade de substâncias cancerígenas bastante elevada, muito mais que o cigarro legalizado que, por si só, já é um vilão”, recorda a médica.

No âmbito das campanhas públicas, a especialista recorda o Julho Verde, que reforça a conscientização contra o câncer de cabeça e pescoço. “Assim como o Outubro Rosa ou o Novembro Azul, o Julho Verde, que está iniciando ainda, oportuniza ações efetivas em prol da saúde pública.”

Fator genético
Segundo Fernanda, todo tipo de câncer tem alguma suscetibilidade genética, mas no caso do câncer de boca ela é rara. O mais comum mesmo é que ele seja causado pelos fatores de risco, que são fumo e bebida alcoólica. “Por isso recomendo que o paciente abandone tais vícios, ou, na impossibilidade do mesmo, reduza drasticamente o consumo.”

Câncer de boca x saúde bucal

Estudos comprovam que uma boca mal higienizada é porta de entrada para doenças como o HPV e o câncer. “E a preocupação é ainda maior se considerarmos que o brasileiro não tem o hábito de cuidar dos dentes adequadamente, o que também já foi comprovado. É importante manter a higienização oral e, caso apareça alguma lesão que persista por mais de 15 dias, recomenda-se que a pessoa busque o dentista ou médico.”

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do câncer de boca e garganta é feito por meio de biópsia, na qual é retirado um pequeno fragmento da lesão para análise. Dependendo do resultado, esta lesão pode ser uma simples ferida na boca ou algo mais sério, como um câncer. Mesmo assim, a doença pode estar na fase não maligna, o que aumenta muito as chances de cura.

“Se o tumor estiver na fase inicial, uma cirurgia minimamente invasiva tende a resolver o problema. Por outro lado, se estiver num estágio avançado, será preciso a cirurgia de retirada do tumor seguida de radioterapia” Segundo Fruet, o mais comum são as cirurgias não mutiladoras. “Porém, há casos severos de câncer avançado em que praticamente toda a língua é removida por conta do avanço da doença. Mas são casos mais raros.”

Fonte: A Tribuna