segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Tendência de aumento do número de casos de câncer de intestino exige estratégias de prevenção

Quase 30% de todos os cânceres colorretais (cânceres de intestino) podem ser evitados com alimentação saudável, prática de atividades físicas e abandono de bebidas alcoólicas. Essas ações preventivas são importantes para redução de casos e mortes, para a manutenção da produtividade laboral e para a redução dos gastos públicos com o tratamento do câncer de intestino.

O alerta foi dado nesta quinta-feira, 25, durante a cerimônia pelo Dia Nacional de Combate ao Câncer (27 de novembro) no webinar Cenário do câncer de intestino no Brasil, que traçou um panorama sobre os desafios no enfrentamento da doença.

Em 2030, a despesa do Sistema Único de Saúde (SUS) com pacientes diagnosticados com câncer de intestino que desenvolveram a doença devido à exposição a fatores de risco evitáveis, vai ser 88% maior do que o valor gasto em 2018. Há três anos, o SUS desembolsou aproximadamente R$ 545 milhões com procedimentos hospitalares e ambulatoriais para atender pacientes com câncer colorretal, com 30 anos ou mais. Para 2030, o INCA projeta que esse gasto poderá chegar a R$ 1 bilhão.

No Brasil, o câncer colorretal é o terceiro mais incidente na população. São, aproximadamente, 40 mil novos casos diagnosticados por ano, entre homens e mulheres. Desse total, cerca de 30% ocorrem devido a fatores comportamentais, como má alimentação, tabagismo e inatividade física.

Mantida essa tendência, a estimativa é que até 2030 o número de casos aumente três vezes em homens e quase três em mulheres.

Pesquisadores do Instituto identificaram que os fatores de risco relacionados à alimentação, nutrição e inatividade física foram responsáveis por cerca de R$ 160 milhões das despesas da União com câncer colorretal, em 2018. Os maiores gastos atribuíveis foram com baixo consumo de fibras alimentares (R$ 60 milhões), atividade física insuficiente (R$ 47 milhões), consumo de carne processada (R$ 28 milhões), de carne vermelha acima do recomendado (R$ 19 milhões), de bebidas alcoólicas (R$ 15 milhões) e excesso de peso (R$ 12 milhões). A projeção mostra que, em 2030, essas mesmas causas poderão ser responsáveis por até R$ 395 milhões de desembolso federal somente com este tipo de câncer.

“O investimento na prevenção primária parece dar uma garantia maior de resultado na diminuição de casos”, explicou Ronaldo Corrêa, da Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) do INCA.

Se nada for feito, o País também perde quase US$ 13 bilhões em produtividade de 2021 a 2030 decorrente das mortes provocadas pelo câncer de intestino. “O câncer colorretal é um problema de saúde pública e, além disso, é um problema da sociedade como um todo, afetando diretamente os indicadores econômicos do País”, sintetizou Marianna Cancela, chefe da Divisão de Vigilância e Análise de Situação do INCA.

“Não podemos jamais abdicar de nossa responsabilidade individual, e como sociedade, de fazer a prevenção primária”, disse Maria Inez Gadelha, chefe de Gabinete da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (Saes) do Ministério da Saúde (MS).

Além da prevenção, a detecção precoce - que procura, no rastreamento, reduzir a incidência e mortalidade e, no diagnóstico precoce, aumentar a sobrevida dos pacientes – também tem muitos desafios. Entre os fatores essenciais para garantir sua eficácia estão “a capacidade instalada e os recursos humanos, que é um planejamento, no mínimo, de médio prazo”, esclareceu o chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede, Arn Migowksi.

Ainda no seminário, João Viola, chefe da Divisão de Pesquisa Experimental e Translacional do INCA, fez uma apresentação técnica sobre os riscos da obesidade e inflamações no desenvolvimento do câncer intestinal.

Tema do ano

“A partir de 2022, o INCA trabalhará como uma temática central para eventos, publicações e campanhas para o prazo e 12 meses: essa é uma forma de o INCA mobilizar suas áreas unindo esforços na mesma direção”, anunciou a diretora-geral do Instituto, Ana Cristina Pinho. “O primeiro tema do ano será exatamente câncer de intestino”.

Debate

Moderado pela jornalista Bárbara Melo, da Rádio Tupi, o debate Câncer de intestino: o que você precisa saber respondeu as dúvidas mais comuns da população sobre estratégia de prevenção, detecção precoce e tratamento. Os debatedores foram Ana Maria Maya, representante da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do MS; Liz Almeida, coordenadora da Conprev; Alexandre Palladino, chefe da Seção de Oncologia Clínica do Hospital do Câncer I; e Fábio Carvalho, técnico da área técnica alimentação, nutrição, atividade física e câncer da Conprev.

O evento foi apresentado pela jornalista Eliana Pegorim, do Serviço de Comunicação Social do INCA.

Reprodução da internet
Especialistas responderam às principais dúvidas sobre prevenção, detecção precoce e tratamento do câncer de intestino em debate mediado pela jornalista Bárbara Mello, da Rádio Tupi.

*https://www.inca.gov.br/