domingo, 2 de outubro de 2022

Aumento da mortalidade por câncer de mama em Campinas preocupa e Saúde reforça importância da mamografia

O aumento na mortalidade por câncer de mama preocupa autoridades de saúde de Campinas (SP). A 4ª edição do Boletim do Registro de Câncer de Base Populacional de Campinas, divulgado nesta terça-feira (4), mostra que o total de óbitos pela doença, que havia sofrido queda drástica na virada da década de 2010, apresenta curva ascendente, atingindo a taxa de 17,8 mortes para cada 100 mil mulheres no triênio 2019-2021 - veja gráfico abaixo.

O efeito causado pela pandemia da Covid-19, com a diminuição da procura por exames para diagnóstico precoce, como a mamografia, é a provável causa do aumento.

"Ainda não temos totais evidências, mas é fato que diminuiu muito a procura por exames nos anos pandêmicos, tanto pela própria mensagem do fique em casa, quanto pela dificuldade da oferta, já que todos os serviços de saúde estavam voltados para urgência e emergência. Nitidamente houve queda. O que nos preocupa é saber como essas mudanças comportamentais podem refletir nesse período sem procura de exames", analisa Andrea von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa).

Terceira causa de morte entre as mulheres de Campinas, o câncer de mama segue sendo a neoplasia com mais incidência no município, sendo responsável por 30,6% dos casos - no boletim anterior, o índice era de 29,6%.

"No período de 2010 a 2017, em torno de 530 novos casos de câncer de mama invasivo foram diagnosticados por ano. O cálculo da taxa de incidência pela população feminina nos mostra que 71,3 mulheres em cada 100 mil habitantes ao ano tiverem diagnóstico desta neoplasia", aponta o estudo.

Números do boletim

530 novos casos de câncer de mama diagnosticados por ano (em média)
71,3 de cada 100 mil mulheres da cidade tem o diagnóstico da doença ao ano
De todos os casos de câncer em moradoras de Campinas, 30,6% são de mama
A taxa de mortalidade atingiu 17,8 óbitos a cada 100 mil mulheres no triênio 2019-21

Diagnóstico precoce

Andrea von Zuben reforça a mensagem para que as mulheres atuem na prevenção e procurem os serviços de saúde, já que há oferta de exames de mamografia na cidade. A cura depende do momento do diagnóstico e da agressividade, mas pode chegar a 95% dos casos de detecção precoce.

"É importante que as mulheres voltem a se prevenir. Tem mamografia disponível, também tem o exame papanicolau, que ajuda a detectar o câncer de colo de útero, segundo maior causa. É importante que todas façam os exames preventivos", pontuou.

O boletim divulgado nesta terça mostra que durante o estudo, analisando dados de pacientes entre 2010 e 2017, em média foram detectados, por ano, 65 casos de câncer de mama em que a neoplasia não estava em sua fase invasiva, sendo chamado de carcinoma in situ.

"Nesta fase as células cancerígenas estão localizadas dentro dos ductos mamários, ainda não comprometendo o tecido mamário circundante", explica o documento.

Entretanto, entre todos os casos diagnosticados na cidade no período, 31% deles já apresentava metástase, "o que indica um tratamento mais complexo e um pior prognóstico e sobrevida", alerta o boletim.
Distribuição de lesões na mama - pacientes de Campinas, 2010 a 2017

In situ: 11 %Localizado: 27 %Metástase: 31 %Não informado: 31 %
Fonte: Registro de Câncer de Base Populacional de Campinas

Causas e prevenção

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, o câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células da mama, que se multiplicam formando um tumor.

"Há vários tipos de câncer de mama. Por isso, a doença pode evoluir de diferentes formas. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem mais lentamente. Esses comportamentos distintos se devem a característica próprias de cada tumor", informa o Inca.

Segundo a Saúde, o câncer de mama tem diversas causas, podendo ser ambientais ou hereditárias. O fator de risco mais importante é a idade, sendo raro antes dos 35 anos.

"No período de 2010 a 2017 a mediana da idade dos casos diagnosticados foi de 58 anos, sendo a idade mínima de diagnóstico, 21 anos e a máxima de 103 anos", destaca o relatório.

O tratamento é oferecido na rede pública de saúde.

*Do G1 Campinas